Camocim. A aviação cearense foi homenageada com roncos no céu em comemoração aos 120 de nascimento do maior aviador cearense, Antônio Pinto Martins. Vários pilotos do clube Aeródromo Catuleve, de Aquiraz, voaram para Camocim, a cidade natal de um dos principais nomes da história da aviação nacional. O dia ontem foi para os camocinenses olharem para o céu. Show de acrobacias do piloto e sanfoneiro Waldonys tiraram o fôlego de uma multidão que se reuniu na Avenida Beira-Mar para comemorar o Dia de Pinto Martins.
Mal raiou o sol de domingo e o principal programa da cidade já seria olhar para o céu. O advogado Altanez Rego, apaixonado por aviação, foi o primeiro a chegar ao Aeroporto Municipal Pinto Martins, em Camocim. Nunca decolou em um avião, mas é apreciador desses pássaros mais pesados que o ar. Diverte-se (e sonha) construindo miniaturas em madeira de ultra-leves e outros tipos de aviões monomotores. "Lá vem mais um, lá vem", divertiu-se feito criança, tempo em que teve o primeiro contato com um avião.
Os pilotos do Aeródromo Catuleve, em Aquiraz, saíram quase em cortejo em direção à terra natal de Pinto Martins. A reportagem acompanhou o trajeto Aquiraz-Camocim na companhia do piloto José Cristino, um dos mais experientes do grupo. Foi quem, anos atrás, fez viagem de ida e volta para os Estados Unidos pilotando um monomotor. Em novembro viaja para o Chile. E num momento que não sabe qual, "mas acontecerá", dará a volta ao mundo. Já está adquirindo outro avião, com maior autonomia de voo, para um dia realizar o seu sonho.
Quem roubou a cena (e o fôlego dos camocinenses) foi o comandante Waldonys. Sim, o sanfoneiro ilustre do Ceará. Com um show de acrobacias, girou, rodopiou, ficou de cabeça para baixo em seu avião acrobático e animou a plateia na beira-mar. "Quando entro no avião, o meu ritual é a inspeção. O que importa é que saia tudo direito. É necessário disciplina. Se o piloto achar que não dá para fazer uma acrobacia, então não deve fazer, tem que estar certo", afirma Waldonys.
Quem não sorria, fazia cara de pânico, de surpresa com a coragem do piloto. "É uma loucura, mas é bonito demais", definiu Osias Castro, pescador acostumado a turbulências do mar, mas que "não tem nem perigo" de entrar num avião desses.
As crianças fizeram a maior parte da plateia. Raimundo da Silva de Castro, de 10 anos, pendurou-se num em um conjunto de hastes de velas dos barcos. Encontrou com os amigos uma "arquibancada" na praia, como quem consegue ver o avião mais perto. Já foi para o mar com o pai pescador. Para o céu, nunca. Mas sonha com isto.
FOTO: MELQUÍADES JÚNIOR
(dIÁRIO DO NORDESTE)
